Nostalgia são rastros deixados no caminho, são estilhaços que ando descalça e sinto a sola dos meus pés rasgando. Volto pra um lugar que dói, um sadomasoquismo comigo mesma pra eu me sentir viva dentro da inércia.
Em toda caminhada vejo meus passos lentos sangrarem, sinto desejo de algo perdido que não pode ser resgatado. Dilacero o passado, os picotados são imaginações nostálgicas que parecem um efeito psicotrópico, enxergo como se fosse uma lente que me mostra fragmentos irreais. Sinto saudade de um lar que não existe e que talvez nunca tenha existido. Caminho em cacos e persisto pisando neles com meus passos secos, parece uma forma de reaproveitar a tristeza que é pensar no passado. Venho me sentindo tão abstrata no agora.
Não me enxergo mais linear, as curvas que piso são tão impermanente e a falta que sinto é tão permanente.
Meu estado de espírito se tornou nostalgia desde quando nossas memórias reais pararam de existir.
