Sam
1 min readDec 23, 2020

o corpo pede abrigo

a carne sente medo

as mãos que um dia já foram frias

hoje já não tremem mais

por dentro são chamas

faíscas que saem pelos olhos

no meio do vazio

este corpo procura

um colo

essa consistência tão frágil

ainda deixou vestígios

do calor sentido

de um outro corpo

que será sempre sentido

quando duas carnes se unem

vira uma só

e nessa busca de um colo

este corpo encontra um

com previsão de adeus

[temporário]

e assim como a mãe

que dava o colo quente

dizia que não era eterna

este corpo pensava

nada então seria eternizado

mas ao deitar e sentir

percebeu que o calor de outro corpo

já foi eternizado dentro de si

ficou preso e não sai

e nesses corpos sincronizados

ao caminhar no mar pegando chuva

não sente incômodo

o frio que bate

se aquece por outros braços

e sem pressa

esses corpos ficam na presença da água e do ar

Sam

“Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida”